Neste dia do professor (15/10/2011), nossa classe recebe um presente inigualável: são as manifestações espontâneas, mundo afora, de todos os "indignados". Conclamemos, pois, nossos alunos para que também partilhem deste sentimento e "juntemo-nos a eles nesta santa indignação que vem das ruas", como sugeriu em palestra recente o Prof. David Rabinovich.
Iniciadas nas redes sociais da internet, tais manifestações atestam a insatisfação de pessoas comuns, inclusive professores e estudantes, com o sistema capitalista, com a ganância dos grandes especuladores financeiros, contra a corrupção, contra os desmandos e a farsa em que se tornaram as "democracias" representativas, reféns das grandes corporações. É inaceitável que tenhamos que pagar a conta das aventuras financeiras de poucos, assistindo inertes a sangria de recursos públicos via corrupção, recursos que vão parar em "paraísos" fiscais no exterior. Na verdade, são paraísos para poucos à custa do inferno de muitos e, por isso, precisam deixar de existir.
Espanha, Portugal, Alemanha, Bélgica, EUA, Brasil e outros países vêem suas praças tornarem-se epicentros de manifestações de toda natureza, tão anárquicas quanto originais. Sem líderes definidos, sem preocupações partidárias e sem vinculação ideológica específica, estas manifestações são um verdadeiro presente que vem das ruas e não podem ser desconsideradas por quem observa as transformações sociais e suas repercussões na vida cotidiana.
Esperamos que estas manifestações de insatisfação sejam o prenúncio de um novo modelo econômico, de uma democracia mais autêntica, direta e plebiscitária, democracia esta que os meios tecnológicos já podem tornar possível e até mesmo proporcionar. Aqui no Brasil, particularmente, com a nossa urna eletrônica, tal democracia torna-se uma realidade cada vez mais possível. Afinal, por que precisamos de tantos "representantes" que somente representam seus próprios interesses e daqueles que financiaram suas campanhas milionárias? Não seria mais interessante diminuir a quantidade de parlamentares, assessores, verbas indenizatórias, auxílios paletós e coisas do gênero? Quem sabe, trocá-los por professores bem remunerados, acesso universalizado à educação em todos os níveis e ampliação do uso das novas tecnologias na votação, por todos os afetados ou afetáveis, das leis de interesse mais geral?
Imaginem um mundo com poucos representantes, imaginem um mundo sem intermediários entre o povo soberano e o poder do qual há de ser, de fato e de direito, o titular, imaginem que este outro mundo é possível, mais barato, mais confiável e, quem sabe, mais justo e solidário. Como diria Lennon, podem até me considerar um visionário ou sonhador, mas não deixem de imaginar...
Certamente, este outro mundo não será construído por quem está se beneficiando do sistema atual. Afinal, como já alertou Giordano Bruno, constitui verdadeira "loucura achar que quem detém o poder vá querer abrir mão dele". O outro mundo, cada vez mais possível, só pode ser gestado pelos indignados de todos os credos, partidos e colorações ideológicas, isto é, por nós todos, sem restrições!
Feliz dia do professor este que se encerra com a pulsação das ruas. Saúdo este dia com um vídeo que recebi de um colega professor que admiro, verdadeiro amigo-irmão. Vejam esta bela homenagem ao professor.
Prof. Flávio Gonçalves
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